O comprimento de alguns trechos da rota de Inverno colocou o debate encima da mesa. Os especialistas recomendam adaptar as distâncias a cada peregrino
26 nov 2021 . Actualizado a las 05:00 h.Os peregrinos enchem-se de dúvidas antes de pôr pés ao caminho. Qual o calçado adequado? Como funcionam os albergues? Quanto se deve caminhar cada dia? Esta última pergunta volta a surgir nestes dias no Caminho de Inverno, em que o comprimento de alguns trechos ultrapassa os 30 quilómetros e suscitou queixas. Mas, quanto deve medir uma etapa? Com o debate encima da mesa, tanto associações de amigos da rota jacobeia como agências de viagens recomendam adaptar as distâncias aos serviços disponíveis e às capacidades de cada peregrino.
«É muito relativo. Não há etapas nem tempos oficiais. Depende de cada grupo de peregrinos», explica Ángel Trabada. Preside a Associação dos Amigos do Caminho de Santiago da Província de Lugo, onde optaram por dividir a rota de inverno em mais etapas. Apenas na província, delimitaram sete trechos, em vez dos cinco que propõe o itinerário que fez saltar a polémica.
«É bastante difícil dizer quantos quilómetros se deveriam marcar como máximo, visto que cada peregrino tem a sua própria velocidade e resistência ao caminhar, treinou mais ou menos e procura algo específico no Caminho», concordam na Galiwonders. A agência dedica-se a organizar rotas jacobeias adaptadas a cada grupo: «Verificámos que cada peregrino é diferente e precisa de uma gestão muito personalizada da sua viagem».
Sobre o que se deve ter em conta para delimitar a duração de cada etapa, Ángel Trabada explica que há três pontos-chave: «Os serviços de alojamento, o tempo do qual cada peregrino dispõe e a sua preparação física». A falta de albergues e estabelecimentos hoteleiros é precisamente uma das razões que os utilizadores do Gronze indicam para tentar explicar o comprimento de alguns trechos do Caminho de Inverno.
Para dar um valor, na associação de Lugo, aconselham marcar um máximo de 30 quilómetros. Coincidem com a Galiwonders, para a qual o ideal é caminhar entre 20 e 25 quilómetros por dia «para poder desfrutar da rota sem pressas, passear ao longo do percurso e ter tempo e energia suficiente para chegar ao fim do dia para descobrir a aldeia ou cidade onde acaba a etapa», explicam na agência.
Fazer a etapa toda seguida ou parar pelo Caminho?
Outra das dúvidas que os peregrinos podem ter é como fazer cada etapa. Andar apenas de manhã ou parar para almoçar? Visitar a localidade final ou as aldeias que se atravessam? Na Associação dos Amigos do Caminho de Santiago da Província de Lugo têm uma certeza: «Não recomendamos fazer exercício depois de comer. Aconselhamos fazer tudo seguido de manhã e dedicar a tarde a desfrutar da localidade onde a etapa acaba».
«Depende», dizem na Galiwonders: «Se aquilo que procura é relaxar e contactar com outros peregrinos, é sem dúvida aconselhável acabar no início da tarde e desfrutar de um descanso merecido ao chegar ao seu destino. Aconselhamos isso sobretudo se o seu destino for uma das muitas cidades que apresentam um património histórico e artístico de grande interesse. Se, por outro lado, quiser mergulhar na natureza, viver uma experiência de mindfulness nas florestas ou ao longo da costa, a nossa sugestão é viver cada passo com plenitude e tranquilidade».