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Quanto custa fazer o Caminho de Santiago: de «low cost» a «premium»

REBECA CORDOBÉS

VEN A GALICIA

ALBERTO LÓPEZ

As agências indicam que o tipo de alojamento, a comida e os serviços contratados marcam a diferença no custo de uma experiência turística que se adapta a todos os gostos e bolsos

10 jun 2022 . Actualizado a las 05:00 h.

Que fazer o Caminho de Santiago é uma experiência única, já todos sabem graças aos testemunhos dos peregrinos que, cada ano, percorrem as rotas jacobeias. Cada um com a sua história, os seus gostos e as suas necessidades. Não é por acaso que, de facto, é uma viagem que se adapta qualquer pessoa que decida vivê-la. E a qualquer porta-moedas. O certo é que, embora faça parte do turismo low cost, existem suficientes alternativas para optar por uma versão premium. As agências indicam que o tipo de alojamento, a comida e os serviços contratados marcam a diferença nos preços e atrevem-se a responder à pergunta: Quanto custa fazer o Caminho de Santiago?

«O preço está condicionado à categoria dos alojamentos, à duração do itinerário, aos serviços que o cliente contratar, etc. Pode viajar de forma low cost, ou optar por um Caminho de luxo», explicam na Pilgrim. Nesta agência de viagens especializada avisam que a rota escolhida também pode afetar os custos. Seria diferente ir pelo Caminho do Norte, que atravessa o País Basco, onde os preços são mais elevados, que pelo Inglês, que passa apenas pela Galiza, um destino mais económico.

Onde dormir: de albergues públicos a turismo rural de luxo

A maior diferença de preços encontra-se no tipo de alojamento. Enquanto os mais poupados optam pelos albergues, quem procura uma experiência de luxo pode fazê-lo por hotéis ou estabelecimentos de turismo rural. No primeiro caso, a opção low cost seria tentar arranjar lugar nos locais da rede pública da Xunta, que têm um preço de 8 euros por pessoa. O maior inconveniente é que, em épocas de alta afluência de peregrinos (que este ano parece que serão todas) requer madrugar muito e andar a bom passo.


Os albergues, nos quais você divide o quarto com outros peregrinos, são as acomodações mais baratas do Caminho de Santiago.
Os albergues, nos quais você divide o quarto com outros peregrinos, são as acomodações mais baratas do Caminho de Santiago. ANGEL MANSO

Em qualquer dos casos, pernoitar em albergues privados também não aumentaria muito o orçamento, visto que o custo é de 10 ou 12 euros, com alguma ganga por 6 euros e alguma alternativa mais cara por 14 euros. Para dar um exemplo, as cinco etapas que vão de Sarria até Santiago podem custar entre 40 e 60 euros. Se o transporte o permitir e se optar por começar o percurso sem dormir nesse ponto de partida, o custo poderá baixar até um mínimo de 32 euros.

A versão premium do Caminho passaria por escolher hotéis ou alojamentos de turismo rural de categoria. Neste sentido, as agências de viagens especializadas propõem vários orçamentos em função dos serviços incluídos. Num trajeto de Sarria a Santiago, com seis noites, a Tu Buen Camino oferece um pacote de só alojamento por 459 euros e a Pilgrim por 440 euros. No entanto, o habitual é que os peregrinos que escolhem estas versões mais confortáveis acrescentem no mínimo o pequeno almoço, o que aumenta o orçamento para 508 e 495 euros, respetivamente.

O gerente da Tu Buen Camino, Ramón Méndez, explica que a maioria dos clientes pedem um tudo incluído, ou seja, um regime de meia pensão. Na sua empresa o preço é assim de 577 euros, enquanto na Pilgrim é de 615 euros. Nesta agência, avisam também de que «normalmente os clientes contratam mais serviços, como transfers de bagagem». No total, um pacote completo com estas características atinge os 607 e 635 euros, respetivamente.

Peregrinos «premium» em uma casa de turismo rural.
Peregrinos «premium» em uma casa de turismo rural. OSCAR CELA

Na Galiwonders, propõem um pacote de luxo que vai além disso e só inclui alojamento de categoria superior. Destinando-se a peregrinos que procuram o maior luxo, o regime seria o de meia pensão, com pequeno almoço e jantar, acrescentando o transporte de bagagem. Nesta agência, indicam que o custo depende da data e do número de pessoas, mas «para uma pessoa em quarto individual, o preço aproximado é de 950 euros em meia pensão, e 800 euros sem jantares».

A comida: de cozinhar no albergue até aos restaurantes

A comida é outro dos fatores que mais afetam o preço do Caminho de Santiago. Muitos restaurantes oferecem o conhecido como «menu do peregrino», que costuma custar 10 euros, ou têm uma ampla variedade de sandes, que são ainda mais económicas e vão dos 3 aos 6 euros de forma geral. No entanto, para quem procura o autêntico low cost, a opção ideal seria comprar no supermercado e pôr o avental.

«Nos albergues costuma haver uma zona comum com cozinha e micro-ondas», explica Ramón Méndez, que calcula que, no caso de utilizar esta técnica no Caminho Francês, partindo de Sarria, o custo total seria de 30 ou 40 euros, embora possa variar consoante o peregrino. Mas uma coisa importante, é conveniente comprar apenas o necessário para a etapa, visto que é um peso adicional que é preciso carregar na mochila.

Para quem prefere uma alimentação premium, os custos também variam em função do regime de alojamento. No caso de ter optado pela meia pensão, restaria por pagar o almoço. A jornalista especializada em gastronomia, Laura García del Valle indica que, em qualquer caso, comer à grande e à francesa num restaurante custa à volta de 20 euros: «Pelo menos no Caminho Francês, os locais são muito baratos, mesmo os bons». Embora frise que, dispostos a gastar, não há limite. A fatura pode de facto ser mais elevada em função da quantidade, mas é importante ter em conta que comer demasiado ao almoço, se depois ainda se vai caminhar à tarde, é desaconselhado.

No caso do pequeno almoço, os valores que figuram nos pacotes das agências de viagens para o trajeto desde Sarria (incluem seis) são de 49 euros na Tu Buen Camino e de 55 euros na Pilgrim. O preço médio seria, portanto, de 6 a 9 euros. Para os jantares de seis noites, a Tu Buen Camino dá um preço de 79 euros, a Pilgrim de 120 euros e a Galiwonders de 150 euros. Tendo em conta esta última opção de luxo, seriam 25 euros diários. Em resumo, a opção premium de uma jornada custaria 55 ou 60 euros. Fazendo o Caminho Francês a partir de Sarria, muito por alto, chegaríamos a um custo de 300 a 350 euros.

Outros serviços e gastos

Os peregrinos que escolhem a versão low cost não deveriam ter mais gastos, uma vez considerados o alojamento e a comida. No entanto, as agências aconselham levar algum dinheiro para os imprevistos. «É habitual ter mais alguma despesa de farmácia, sobretudo se aparecerem bolhas», diz Ramón Méndez, que calcula que uma margem de 100 euros é mais do que suficiente.


Um entregador de Correos entrega mochilas a um abrigo em Palas de Rei.
Um entregador de Correos entrega mochilas a um abrigo em Palas de Rei. SANDOVAL

Quem optar pela versão premium contrata, no mínimo, o serviço de transporte de mochilas, que no caso dos Correios custa 4 euros por etapa. Se compararmos as tarifas de várias empresas, o preço varia de 4 a 7 euros, dependendo das ofertas. O Caminho Francês, partindo de Sarria, costuma ter um pacote específico que ronda os 20 ou 30 euros.

Partindo desta base, um peregrino premium pode acrescentar gastos de forma quase ilimitada noutros serviços como o transporte do aeroporto, massagens, visitas guiadas, compra de lembranças... Por isso, fazer um orçamento total torna-se quase impossível.

Em qualquer dos casos, tomando como referência o Caminho Francês, começando em Sarria e sem ter em conta gastos adicionais nem o transporte até à primeira etapa (que varia muito em função do ponto de origem do peregrino), a versão low cost pode custar de 100 a 150 euros, enquanto a experiência premium pode facilmente atingir os mil euros e até mais.

A ter em conta antes de sair:

A este orçamento é preciso acrescentar a despesa em material, que varia consoante aquilo que cada peregrino tem antes de começar a rota. No caso de comprar tudo novo, a lista das compras (consultar os preços aproximados em lojas online) deve incluir calçado de trekking (20 a 200 euros), três pares de meias (5 a 90 euros), um par de calças (10 a 80 euros), três T-shirts técnicas (12 a 120 euros), um forro polar (10 a 65 euros), um capa de chuva (6 a 20 euros), uma mochila de 30 ou 40 litros (25 a 120 euros), uma gola, um boné, vaselina (4 a 10 euros), kit antibolhas (10 euros), protetor solar (6 a 20 euros), cantil e um estojo de primeiros-socorros.