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Joaquín Fernández, guia: «Já me perguntaram de tudo, se tínhamos mudado a torre de Hércules de lugar, até se os espigueiros eram panteões»

C. M. / TRANSLATION: MARCOS RANDULFE REDACCIÓN / LA VOZ

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Joaquín Fernández lleva 14 años trabajando como guía turístico por toda Galicia.
Joaquín Fernández lleva 14 años trabajando como guía turístico por toda Galicia.

«Santiago nunca desilude, mas San Andrés de Teixido impressiona sempre», garante este profissional do turismo

28 sep 2023 . Actualizado a las 11:55 h.

— Como é que correu o verão para os guias?

— Esta a ser um ano verdadeiramente bom. A temporada forte começa na primavera, na Páscoa mais ou menos, e vai até ao mês de outubro. Ou seja, começa e acaba com o horário de verão.

— E quais são as previsões para o outono?

— Nós não notamos quebra no outono. Setembro e outubro são os meses mais fortes para os guias turísticos. Há muito mais trabalho que propriamente nos meses de julho e agosto que, curiosamente, costumam ser bastante calmos para nós. Durante a temporada de verão há muita gente que viaja por conta própria, mas as viagens organizadas predominam fundamentalmente na primavera e no outono.

— Qual é o sítio que o visitante que escolhe Galiza prefere?

— Santiago é a estrela, o lugar que todos querem ver. A catedral é o cartão de apresentação, o símbolo. Compostela nunca desilude, mas os sítios que sempre surpreendem, por serem espetaculares, são as falésias da zona norte da província da Corunha, de Ferrol até ao cabo Ortegal, mais ou menos.

— E o seu sítio preferido?

— San Andrés de Teixido. De facto, as pessoas chegam e ficam impressionadas. Deparam-se com um sítio que é autêntico, profundo. Além disso, ficam admiradíssimas com os cavalos e as vacas à solta!

— Que imagem têm da Galiza os turistas quando chegam?

— Pensam que os galegos somos pessoas muito conservadoras e tradicionais. Quando veem qualquer uma das sete cidades ficam surpreendidos que sejam tão 'modernas', e também veem que é um sítio muito mais liberal do que aquilo que esperavam e as pessoas são muito abertas.

— O que é o mais curioso que lhe tenham perguntado?

— Desde o que é um apóstolo até o que é um século. Uma das que mais piada me fez foi numa visita à escola Fonseca de Santiago. Perguntaram-me, completamente a sério, se a estatua de Fonseca, que está sentado com a cabeça apoiada na mão mostrando o que seria a típica imagem de um pensador, estava a usar o telemóvel. Não nos podemos esquecer que é uma estatua de há 500 anos.

— E qual é a pergunta mais frequente, mas que não deixa de o surpreender?

— Se os espigueiros são panteões. Não sei se é porque costumam ter uma cruz encima, mas não aconteceu nem uma nem duas vezes. Em muitas ocasiões perguntaram-me se aqui enterramos os mortos nos jardins das casas. Também perguntam muito se há alguma zona perigosa por onde não podem passar. Explico sempre que aqui a criminalidade não se mete com os turistas. Não há qualquer perigo em passear pelo centro de qualquer cidade galega.

— Algum turista que não tenha conseguido convencer de alguma coisa?

— Uma senhora garantia-me que tínhamos mudado a la torre de Hércules de lugar. A mulher estava convencida que tinha vindo há 50 anos e estava sentada à frente do faro a molhar os pés, por mais que lhe explicasse que isso tinha de ter sido noutro faro e que a torre se encontra há 1.800 anos no mesmo lugar.

— Alguma anedota curiosa.

— Uf, em tanto anos, muitas! Estou a lembrar-me agora de uma, de uma italiana numa visita a Santiago. A mulher disse-me que não acreditava nada naquilo que eu estava a contar, de que os restos do apóstolo Santiago se encontravam na catedral. Mas não era por falta de fé ou porque achou pouco credível: "Como é possível que não estejam em Roma?", dizia ela, indignada.

— Uma regra de ouro no seu trabalho?

— Nunca falar de política.