O madrileno acaba de estrear o filme O aspirante sobre as praxes nas residências universitárias, logo após terminar as suas férias na Galiza, onde aproveitou para assistir a festas populares com orquestras como a París de Noia
08 nov 2024 . Actualizado a las 14:30 h.Desde que disse aos pais, em Ares, que queria ser ator, Eduardo Rosa (Madrid, 1993) não parou mais. Vimo-lo na série mexicana de sucesso La Casa de las Flores, na trilogia de Baztán, na superprodução norte-americana In From the Cold ou em comédias espanholas como Poliamor para Principiantes ou Pollos sin Cabeza. Agora, o ator, que também participou no MasterChef Celebrity, regressa ao grande ecrã com O aspirante. «É brutal, é para ver no cinema, viver a tensão e captar a mensagem», antecipa o madrileno sobre um filme que aborda as praxes nas residências universitárias.
—Como definirias o teu personagem?
—Pepe é um sedutor nato que adora a força intelectual. Tem uma aversão pela fraqueza intelectual, chegando a sentir quase repugnância por quem considera fraco nesse sentido. Para ele, o mundo é dos fortes, mas não fisicamente. Ele não toca em ninguém, mas intimida da mesma forma. É um tipo que se alimenta do poder que a sua mente lhe dá, da sua capacidade de manipulação. É uma personagem com muitas camadas, foi assim que o diretor, Juan Gautier, me o apresentou.
—O que mais te atraiu nele?
—O seu mundo interior é muito forte, é como um vampiro. Tem aquela energia de alguém que se alimenta dos outros. Fiquei fascinado com o arco da personagem, a jornada que eu podia construir do princípio ao fim, mostrando a sua evolução. Juan Codina, o meu coach, ajudou-me a dar-lhe forma. Eu trabalho sempre com animais e, para mim, o Pepe é uma serpente: seduz-te, mas, se te deixas, destrói-te.
—Conhecias o mundo das residências universitárias e das praxes?
—Há alguns anos visitei algumas onde tinha amigos e pude ver o ambiente. O filme baseia-se em factos reais, mas tudo acontece numa só noite para intensificar. Vi jovens de 18 anos tensos, tratando outros rapazes de 22 por "você" e obrigando-os a beber até vomitar. Nas filmagens, participaram figurantes que realmente vivem nestas residências, o que deu mais autenticidade. Recordo a atmosfera de tensão. Os figurantes olhavam para mim com medo quando me aproximava, com luz baixa e voz ameaçadora. No festival de Maiorca, uma jornalista disse-nos que viveu praxes e que o filme lhe gerava ansiedade porque lhe lembrava a sua experiência. Comentou-nos que parecia um documentário. O problema das praxes é que não há árbitro, não há controlo para garantir que não se ultrapasse a linha entre uma brincadeira e um delito.
—Já sentiste alguma vez essa pressão de fazer algo por obrigação?
—Não, felizmente. Estive num internato aos 18 anos, mas acho que essa pressão é mais comum na universidade, quando fora de casa, sem o acompanhamento dos pais, as drogas e o álcool podem fazer com que as coisas saiam do controlo.
—Declaraste-te feminista. O filme aborda a masculinidade tóxica?
—Sim, faz uma crítica a esses comportamentos e coloca-te numa posição de maior consciência sobre o que é aceitável e o que não é.
—Tens passado de papéis de galã a vilão, como fazes essa transição?
—Para mim, é importante ter claro o contexto do filme e a mensagem que queremos transmitir. A partir daí, começo a construir o personagem a partir de uma folha em branco, considerando a sua psicologia.
—Voltaste da Galiza mesmo a tempo da estreia de O Aspirante. Como foi o teu verão?
—Ótimo. Tenho 31 anos e, desde os 13, passo as férias em Ares. É um lugar maravilhoso, tranquilo, com praias bonitas e uma temperatura perfeita. Tenho amigos lá e, para mim, poder sair da voragem de Madrid e do calor sufocante que lá faz no verão é um alívio. Também fui a algumas festas populares. Vi a París de Noia e o Grupo América, que é mais rock. Diverti-me muito.