Sem os excessos do verão e sem os incómodos do inverno, setembro é um mês ideal para desfrutar de alguns dos recantos mais belos da nossa geografia. As mudanças de luz e de cores na paisagem, o clima ameno e os produtos da nova temporada na gastronomia tornam a visita ainda mais agradável.
12 nov 2025 . Actualizado a las 17:32 h.Um bom viajante — daqueles que realmente se empenham em conhecer a alma dos lugares — reconhecia-se porque nunca viajava em julho nem em agosto. Setembro era o seu mês favorito. Esse ponto de transição e de ligação entre a luz e a escuridão, o calor e o frio, o bulício e a solidão. E ainda hoje, quando as andanças turísticas alcançaram uma dimensão global, setembro continua a ser uma opção extraordinária para parar e descobrir esses recantos da nossa geografia aos quais, noutras alturas do ano, por uma razão ou por outra, não prestamos tanta atenção.
RIBADEO. Indiano e Cantábrico
Embora esteja longe de sofrer a pressão turística de outros municípios do sul da Galiza, Ribadeo é melhor apreciado quando o verão começa a esgotar-se. É verdade que até 30 de setembro é necessária reserva prévia para visitar a praia das Catedrais, mas já são muito menos aqueles que se aproximam do porto de Rinlo, que percorrem o trilho da sua costa, que vão até O Cargadoiro ou que se demoram no seu centro histórico, repleto de monumentos e palacetes.
BUEU Y CANGAS. Uma varanda sobre o Atlântico
Nas praias onde, há poucos dias, quase era preciso lutar para colocar o guarda-sol, hoje há todo o espaço que se desejar. E no bar de praia onde era preciso fazer fila para comer, agora mal é necessária reserva. Os litorais de Bueu e Cangas — onde o Morrazo se ergue orgulhoso diante do Atlântico — oferecem lugares tão emblemáticos e privilegiados como a ria de Aldán, o cabo Ubra, o cabo Home, a ponta Couso ou a costa da Vela. Qualquer um deles transforma-se, em setembro, num paraíso a ser desfrutado a pé e com calma.
SEOANE DO COUREL. Esplendor pré-outonal
Os incêndios do passado mês de agosto estiveram prestes a devastar o paraíso natural de O Courel. Por isso, agora é mais oportuno do que nunca visitar este território e apoiar as zonas que foram afetadas. A aldeia de Seoane, situada no concelho de Folgoso do Courel, é uma excelente base para conhecer a região. Representa a sua geografia mais genuína e a sua etnografia mais ancestral, e dela partem inúmeros percursos pedestres que atravessam a serra.
RIBADAVIA. Uma história entre vinhas
Terminadas as vindimas, a região de O Ribeiro transforma-se num postal. As vinhas e a paisagem tingem-se de ocres e tons avermelhados, adquirindo uma beleza tão efémera quanto deslumbrante. E diante dessa natureza mutável ergue-se a majestade imutável da pedra — a que forma o imponente bairro judaico de Ribadavia, o seu castelo, as suas pontes sobre o rio Avia e as ruas e praças do seu centro histórico, salpicadas aqui e ali de tabernas onde se pode desfrutar dos seus vinhos e da sua excelente gastronomia.
REDES. Esse recanto encantador
O encanto das vilas piscatórias conserva-se quase na sua essência primitiva neste pitoresco recanto da ria de Ares. Na sua arquitetura característica convivem as modestas casas de pescadores, vertiginosamente voltadas para o oceano, com os palacetes indianas, como os que rodeiam a praça do Pedregal — um dos principais pontos de interesse da localidade, juntamente com o porto, as ruelas estreitas e a praia de Area Morta, de onde parte um trilho pedestre que chega até Cabanas. Visitá-la em setembro permite apreciá-la na sua essência mais autêntica.
A ILLA DE AROUSA. Tal como a imaginas
Chegadas estas datas, A Illa volta, pouco a pouco, a ser o que sempre foi: uma vila piscatória com menos de 5.000 habitantes, situada num enquadramento natural incomparável. Já não há filas à entrada nem à saída da ponte, e as praias voltam a mostrar o seu aspeto paradisíaco tão característico. O Bao esvazia-se de turistas, e por O Carreirón ou pela Area de Secada passeiam apenas os habituais. A sua oferta gastronómica, centrada na cozinha do mar, mantém-se intacta.
ALLARIZ. A joia do sul
É verdade que visitar Allariz é um prazer em qualquer altura do ano. No verão torna-se luminosa e animada, e no inverno as suas ruas empedradas e molhadas transbordam encanto. Em setembro, tem um pouco de tudo. Há dias em que o prazer está em percorrer o passeio fluvial, aproximar-se dos moinhos — ou até comer neles —, e outros em que a delícia é serpentear pelas ruas sombrias sob as arcadas, procurando abrigo nas tabernas.
MUROS. Entre faróis e arcadas
Entre as Rías Baixas e a Costa da Morte, sem a pressão turística das primeiras nem as intempéries da segunda, Muros consolidou-se como um destino habitual. Motivos não lhe faltam. E setembro é um mês extraordinário para os descobrir. Ainda é possível desfrutar das suas praias privilegiadas, como as de Louro, San Francisco ou a urbana O Castelo; dos seus muitos espaços naturais; e da sua arquitetura popular, na qual se destacam as icónicas arcadas que rodeiam grande parte do centro histórico.