Cada uma das etapas, de O Cebreiro até Santiago, têm lugares que vale a pena visitar, mesmo que tiver de se desviar um pouco do caminho.
29 jul 2021 . Actualizado a las 17:03 h.Santiago é uma visita imprescindível no Ano Xacobeo. Avião, comboio, autocarro, carro... Há muitas maneiras de chegar à capital da Galiza, mas apenas uma em que o trajeto é mais importante que o destino: o Caminho.
Fazer qualquer uma das rotas xacobeas permite viver a experiência de peregrinar e conhecer lugares mágicos ao longo e junto de toda a comunidade. Todos os Caminhos e etapas têm locais onde vale a pena fazer uma paragem, mesmo que seja necessário se desviar um pouco das setas amarelas.
O Caminho Francês não podia ser diferente. É a rota mais famosa e a mais transitada. Começa na França, atravessa a península e entra na comunidade galega pelo Cebreiro. Dai, 155 km e sete etapas, separam aos peregrinos da catedral. No entanto, nem todos os que optam por esta rota percorrem os mesmos quilómetros, fazem o mesmo número de etapas, seguem o mesmo itinerário ou visitam os mesmos lugares.
Há quem vá diretamente para a catedral e fica com a imagem de paragens comuns como as palhoças de O Cebreiro, a ponte de Portomarín ou o Monte do Gozo. Outros preferem fazer o Caminho a um ritmo mais calmo ou aproveitar esses dias de descompressão para fazer turismo. Assim, conhecem lugares diferentes aos que se encontram na rota, como a cascata das Hortas em Arzúa ou o castro de Castromaior.
Em qualquer caso, se decidir calçar as botas e caminhar para Santiago, tanto faz a que grupo pertence. No itinerário marcado pelas setas, bem como nos seus arredores, há dezenas de lugares para ver e visitar. Natureza, monumentos, história, cultura, gastronomia... Tudo converge no Caminho de Santiago. Há programas e lugares para todos os gostos.
OITO ETAPAS
Por seguir a rota «oficial», vamos propor oito lugares que não podes perder, caso fizer o Caminho Francês ou uma escapadela para conhecer as localidades galegas por onde passa. Mesmo que são sete etapas, uma delas pode-se fazer por dois itinerários distintos.
A primeira etapa começa em O Cebreiro e termina em Triacastela. É um percurso de altura. Passa por diversos picos entre as serras de Os Ancares e O Courel. A segunda vai até Sarria. Tem dois itinerários diferentes. Um passa por São Xil e outro por Samos, uma localidade ligada historicamente ao Caminho.
A terceira, que une Sarria com Portomarín, é para muitos peregrinos a primeira etapa. A partir dali cumprem-se os 100 km necessários para obter a Compostela. A quarta chega até Palas de Rei num dos trechos mais asfaltados da rota.
A quinta etapa une Palas com Arzúa e passa por localidades tão ligadas à tradição xacobea como são Melide ou Castanheda. A sexta etapa termina em O Pedrouzo, mesmo que muitos peregrinos preferem continuar até o Monte do Gozo. Um lugar que faria parte da sétima e última etapa: Santiago.
Palhoças de O Cebreiro
O Caminho Francês entra na Galiza por O Cebreiro. Uma pequena aldeia de montanha cuja vida é inseparável das rotas xacobeas. À presença perene de peregrinos, junta-se o património histórico que atesoura. Da igreja em funcionamento mais antiga do Caminho até as palhoças milenárias, o seu símbolo identitário.
Fortaleça de Sarria
Ao chegar a Sarria a vista eleva-se. Um alto onde os restos de um castelo parecem vigiar a localidade e a rota xacobea que a atravessa. É a Torre do Batalhão. O único resquício de uma fortaleça militar do século XIII que foi destruída nas revoltas Irmandinhas e reconstruída pouco depois.
Mosteiro de Samos
O Mosteiro de Samos conta a história da Galiza nos seus muros. Construído no século VI, presenciou todo o tipo de episódios medievais até se tornar hospital durante a invasão francesa do XIX. Mas foi no século XVI quando chegou a sua época de ouro: foi residência de reis, nobres, bispos e artistas.
Ponte de Portomarín
Uma paragem ou, antes, um trecho obrigatório no Caminho. Os peregrinos que querem atingir o final da etapa Sarria-Potomarín devem subir uma escadaria em pedra para aceder à vila medieval. Um último esforço recompensado pelas vistas do alto da ponte, onde se encontra a capela da Virgem das Neves.
Castro de Castromaior
As pegadas do passado celta da Galiza percorrem a comunidade do norte ao sul. Não é difícil encontrar assentamentos castrejos, mas sim em os saber identificar devido ao seu estado de conservação. É o caso do castro de Castromaior, que mantém viva uma história muito mais antiga que o próprio Caminho.
Cruzeiro de Melide
Melide é o cruzamento da rota francesa e a primitiva. E na interseção dos caminhos pode ver o tesouro patrimonial que guarda. Nem mais nem menos que o cruzeiro mais antigo da Galiza, de acordo com Castelao. De estilo gótico, data do século XIV. Está situado na entrada da localidade, dando a bem-vinda aos peregrinos.
Cascata das Hortas, em Arzúa
O Caminho Francês conta com secções em plena natureza. Uma atração para aquelas pessoas que procuram na rota xacobea uma viagem interior. A Cascata das Hortas, em Arzúa, é uma daquelas paragens que, entre a cor verde do musgo, e o cheiro fresco da vegetação e o som da água ao cair, trasladam a mente a um estado de paz.
Monte do Gozo
O nome do Monte do Gozo não é casualidade. Este alto encontra-se às portas de Santiago e fornece aos caminhantes a primeira imagem da catedral. Um instante representado na estatua dos dois peregrinos que coroam este lugar. Uma paragem imprescindível que marca o início do final do Caminho.
OUTRAS OPÇÕES
A rota francesa passa por muitas mais localidades, aldeias, florestas, rios e montanhas. Pode percorrer serras como O Courel ou Os Ancares. Descansar em vilas como O Pedrouzo ou Castanheda. Conhecer fontes como a de Santa Irene, espigueiros como o de A Rua ou moinhos como os de Reche. Se refrescar em rios como o Furelos. Entrar em igrejas como a de Santa Maria de O Cebreiro, hospitais de peregrinos como o de A Magdalena ou em castelos como o de Pambre. Aprender em museus como o do Mel e ver monumentos como o do Peregrino de São Roque... E, para isto tudo, apenas tem de começar a caminhar para Santiago.